José Vítor Malheiros
Nos últimos anos, quase sempre a propósito do aparecimento e do sucesso de certas organizações políticas nacionalistas na Europa, temos falado muito de populismo, tentando clarificar o conceito, debatendo o seu rigor ou ambiguidade, discutindo a correcção e utilidade da sua aplicação a esta ou àquela organização, a este ou àquele discurso, a esta ou àquela prática política.
O discurso de tomada de
posse (não, não se diz inauguração) do presidente Donald Trump (custa a dizer, mas é o que o homem é) contribui para esclarecer a discussão porque é um perfeito exemplo de discurso populista, a exemplo de mais uns quantos feitos maioritariamente nos anos 30 do século passado.
A marca de água do populismo é a ideia de que a soberania reside no povo (até aqui estamos todos de acordo) mas que a vontade popular não se pode exprimir correctamente através dos sistemas de representação e de mediação da democracia representativa, pois estes foram capturados por elites que os deturparam, desviaram da sua função e os usam para seu benefício pessoal.
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