Neste momento, a apenas 45 dias das eleições presidenciais, o Brasil vive um momento em que pouco se pode prever do futuro. Se eleições têm sempre um fator forte de imprevisibilidade, no caso este fator é fortíssimo: o que parece mais provável é que o vitorioso em outubro seja um dentre cinco candidatos. Um grande elenco, ainda mais porque vão da extrema-direita até a esquerda.
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O organizador da Web Summit, Paddy Cosgrave, retirou o convite a Marine Le Pen, como o nosso abaixo-assinado exigia, e, até hoje, não voltou [de novo] atrás com a sua decisão, pelo que consideramos atingido o nosso objectivo essencial e, terminando a recolha das assinaturas, gostaríamos de agradecer a todos os que contribuíram para o sucesso desta campanha de um dia.
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Por Renato Janine Ribeiro*
Nunca vivemos, no Brasil, tamanha indefinição a menos de dois meses das eleições. (No Brasil, que tem um regime presidencialista, funcionando com mandatos fixos para o Executivo e o Legislativo, os pleitos demoram muito tempo a serem organizados. Em Portugal, entre a dissolução da Assembleia e a eleição, o prazo pode ser curto; para nós, não). O pleito pode levar à vitória de Lula, líder nas pesquisas (mas o Judiciário não vai deixar), de seu suplente Haddad (ainda uma incógnita), ambos de esquerda, ou do temível Bolsonaro (segundo nas pesquisas), de extrema-direita, ou do favorito do capital e da mídia, Alckmin, pela direita (só que suas intenções de voto são medíocres).
2018 é, indefetivelmente, um ano chave para o futuro da democracia brasileira. Desde logo porque a democracia brasileira, que atravessa uma grave crise, entra agora em contagem regressiva para a escolha de um novo Presidente da República e, ao mesmo tempo, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais.
Diante deste cenário, orientado que é para a promoção do debate sobre o futuro da democracia, o Fórum Demos cria um Observatório das eleições brasileiras de Outubro 2018.
Contará, para esse efeito, com a colaboração de Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política, cientista político e ex-ministro da Educação do Brasil que analisará, semanalmente, a campanha eleitoral brasileira.
Acompanhe por aqui.
A notícia de que Marine Le Pen foi convidada como oradora da Web Summit em Lisboa é uma afronta à Democracia, razão pela qual os organizadores do evento têm não só de explicar por que razão fizeram tal convite, como têm de o retirar imediatamente.
Consideramos que a Web Summit não pode contribuir para a normalização da extrema-direita, que hoje volta a ser uma ameaça séria à Democracia e à convivência pacífica em vários países europeus.
Marine Le Pen é líder de um partido racista, islamofóbico, anti-imigrantes, que recusa os princípios da igualdade e os direitos fundamentais de todos os seres humanos que encontram assento, designadamente, na Constituição da República Portuguesa.
Em 1990, Mário Soares, então Presidente da República, declarou que Jean Marie Le Pen era indesejável em Portugal, o mesmo devem declarar António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, agora, em relação à sua sucessora.
A participação e apoio do governo português ao Web Summit, que se realizará em Novembro do corrente ano, com a presença de Marine Le Pen, seria renegar tudo o que a Democracia portuguesa defende desde 1974, o que, evidentemente, não pode acontecer.
Abaixo-assinado promovido pelo Fórum Demos.
Primeiros subscritores
Álvaro Vasconcelos
Ana Rodrigues
Assunção Neves
Carlos Queirós
Eduarda Neves
Eduardo Jorge Madureira Lopes
Fátima Vieira
Gaspar Martins Pereira
Guilherme d’Oliveira Martins
Isabel Brandão Flores
Isabel Santos
Luisa Schmidt
Luís Braga da Cruz
Pedro Bacelar de Vasconcelos
Rui Tavares
Teresa de Sousa
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