Por Ana Rodrigues

Numa sondagem divulgada no mês de Junho, pela Lusa, os timorenses dizem preferir, numa expressiva maioria de 55%, uma economia mais próspera, por confronto com um sistema democrático, opção que apenas colhe o apoio de uma minoria de 37%. Estes resultados, que vêm a propósito do processo eleitoral – para as quartas eleições legislativas desde a independência – em curso em Timor-Leste, trazem ínsitas algumas questões sobre que vale a pena reflectir.
Timor está agora a atingir a maioridade, enquanto país independente. Dezoito anos transcorridos do referendo que ditou a independência, quinze anos da sua restauração efectiva, um novo ciclo sobrevém em 2017, com a eleição do novo Presidente da República (Francisco Guterres Lu-Olo) em Março passado e a eleição de um novo Parlamento e consequente designação do Primeiro-Ministro agora em Julho.
Nestes anos, Timor já se defrontou com crises sérias, a mais séria das quais tendo inclusive levado à renúncia forçada do – à época – Primeiro-Ministro Mari Alkatiri, em 2006, na sequência daquela que ficou conhecida como a crise dos peticionários, e à entrada no país de forças militares estrangeiras, num complexo jogo de xadrez que envolveu a Austrália, a Igreja e outros actores improváveis (ou nem tanto…) e que por pouco não levava ao colapso das instituições democráticas no país. Dessa crise, debelada definitivamente só a partir de 2008, Timor parece ter-se erguido com maior sageza, seja do lado do povo, seja das várias instituições do Estado. Continuar a ler “Eleições legislativas em Timor-Leste. Democracia, estabilidade e boa governação – ingredientes antigos para receitas novas?”