2021: sinais de futuros alternativos num mundo interconectado

 

O exercício que procurei fazer foi o de olhar para os eventos de 2021 de forma a tentar identificar sinais de futuros alternativos. Que vivíamos num mundo interconectado tínhamos tido a confirmação trágica em 2020 com a pandemia ,que continuou a dominar o mundo em 2021. A questão importante era em 2021 tentar compreender que sinais tínhamos de outras tendências que moldam o nosso futuro.

Será que tivemos sinais de que o refluxo democrático chegou ao fim? As mudanças que estamos a assistir na ordem internacional vão no sentido de um reforço do multilateralismo capaz de enfrentar os grandes desafios que se colocam à humanidade como as pandemias e a urgência climática? A União Europeia será capaz de superar a crise existencial com que se confronta desde a crise financeira de 2008 e assumir uma posição compatível com os seus valores na questão migratória derrotando o nacional-populismo ?

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Cimeira para a Democracia: por um lado e por outro

 

A cimeira nasce da preocupação americana com o estado da sua democracia, mas ficou ensombrada pela tentação de voltar a uma política de blocos que enfraquece o multilateralismo.

O presidente Biden afirmou, na abertura da cimeira, que as democracias liberais, essa combinação única de direito de voto com Estado de direito, estão em recessão. O cenário autocrático reforçou-se com a emergência da China, onde a esperança de reformas políticas se desvaneceu, como primeira potência económica. 

O iliberalismo político, defendido por Orbán ou Putin, a redução da democracia à realização de eleições, cada vez menos livres, é impulsionado por uma vaga de nacionalismo populista que chegou ao poder no Brasil ou na Índia, e ameaça a França e a Itália.

Quando Biden, em plena campanha eleitoral, anunciou no Council on Foreign Relations que iria convocar esta cimeira caso fosse eleito, os Estados Unidos eram o epicentro da vaga nacional populista.  A ameaça existencial à democracia americana é hoje muito mais do que Trump.  Em diversos estados, o Partido Republicano tem vindo a aprovar legislação para dificultar o voto das minorias afroamericanas  e a alterar a certificação dos resultados  eleitorais de forma a garantir a vitória em 2024, mesmo que percam. Nas eleições de meio mandato ( Câmara  de Representantes e Senado) é muito provável que os democratas percam a maioria- o que só irá reforçar a corrente iliberal.

Esta cimeira procura enfraquecer o movimento anti-democrático americano, assimilando-o à vaga autocrática mundial e recordando a interferência de Putin nas eleições americanas . 

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Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores”

Entrevista ao El País – 08 de maio de 2018

Prestes a completar 89 anos, o filósofo vivo mais influente do mundo está em plena forma. O velho professor alemão, discípulo de Adorno e sobrevivente da Escola de Frankfurt, mantém mão de ferro em seus julgamentos sobre as questões essenciais de hoje e de sempre, que continua destilando em livros e artigos. Os nacionalismos, a imigração, a Internet, a construção europeia e a crise da filosofia são alguns dos temas tratados durante este encontro na sua casa em Starnberg.

Jürgen Habermas: “Não pode haver intelectuais se não há leitores”
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