Assine a petição : Demissão do Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem

Lancei  uma petição pedindo a demissão do Presidente do Eurogrupo dirigida ao Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, enquanto guardião dos Tratados. Referindo-se aos países da Europa do Sul, Dijsselbloem declarou «não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e depois pedir ajuda» Estas declarações de Jeroen Dijsselbloem são sexistas, misóginas e racistas, em tudo incompatíveis  com os valores dos Tratados da União Europeia, a que instituições como o Eurogrupo, com uma enorme importância na vida de milhões de europeus, não se podem furtar.

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Protecção da mulher, liberdade e Islão – levante-se o véu!

Ana Rodrigues*

Uma tendência que tem caracterizado o pós-multiculturalismo destas últimas décadas é a troca da ênfase na cultura e/ou etnia para a ênfase na religião. A partir dos atentados de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque, e – no que a nós europeus toca – paHeadwear-font-b-Hijab-b-font-Cover-Under-Scarf-Ninja-Inner-Neck-Chest-Plain-Hat-Caprticularmente em reacção às duas vagas terroristas na Europa[1], tem-se verificado uma tendência para islamizar identidades e tópicos de discussão e decisão política. Esta tendência alicerça-se e alimenta-se da percepção da incompatibilidade do Islão com a liberdade de religião, e genericamente com a democracia e os valores ocidentais.

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A corrupção da política e a exigência de alternativa

 

A corrupção da política foi debatida num seminário no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, no passado dia 9 de março. O seminário, coordenado por Álvaro Vasconcelos, contou com a participação de Renato Janine Ribeiro, Pedro Dallari, Mara Telles, Esther Solano, Ana Bechara e Marcos Fernandes. Alguns dos oradores sintetizaram para o Fórum Demos o essencial das suas intervenções. FullSizeRender (1)

O peso do dinheiro e das corporações nas campanhas eleitorais e nas instituições da democracia – o que o movimento dos indignados classificou de corporatocracia – traduz-se no que poderíamos classificar de corrupção da política. Esta situação desvaloriza a importância do voto pois os eleitos não são apenas representantes dos eleitores, acabam por ter uma dependência real perante os financiadores e e os lobbies que representam.

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Lição das eleições holandesas

Pedro Bacelar de Vasconcelos

A melhor surpresa das eleições holandesas foi o resultado obtido pelo partido da Esquerda Verde que elegeu mais 12 deputados para o parlamento. Em contrapartida, o pior resultado coube aos partidos da coligação de governo que perderam em conjunto metade dos deputados que tinham conseguido eleger nas últimas eleições! E verdadeiramente dramática é a situação do outro membro da coligação de governo, o 684x384_360576Partido Trabalhista. a que pertence aquele famoso Ministro das Finanças que ainda preside ao Eurogrupo, que se notabilizou como empenhado militante das políticas de austeridade e tudo fez para expulsar a Grécia da União Monetária. O seu partido sofreu uma derrota humilhante e ficou reduzido a uma representação parlamentar residual. Neste cenário, o Partido Liberal a que pertence o atual primeiro-ministro, apesar das significativas perdas que sofreu, segurou a posição de partido mais votado e remeteu a extrema-direita do fascista Geert Wilders – que algumas sondagens chegaram a dar por vencedor – para o segundo lugar.

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Um míssil no porta-aviões

Teresa de Sousa 

É quase escusado dizer que, na maioria das capitais europeias, as eleições presidenciais francesas estão a tirar o sono a muita gente. A pouco mais de um mês da primeira volta, tudo parece ainda possível. A sombra de Marine Le Pen pesa cada vez mais sobre um país que é central para a integração europeia, desde o momento da sua fundação. A crise da direita abre-lhe ainda mais espaço. A sua eleição, mesmo que improvável, seria um míssil no porta-aviões. François Hollande, numa entrevista a seis jornais europeus, lembrou que nunca o partido nacionalista foi tão forte como hoje.

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Timothy Snyder:. Vale a pena salvar a democracia!

Por Joana Isabel Pinho

A propósito do seu mais recente livro, On Tyranny: Twenty Lessons from the Twentieth Century, Timothy Snyder, professor de História na Universidade de Yale, foi entrevistado pela SZ (Süddeutsche Zeitung). Inevitavelmente, a entrevista focou-se essencialmente na atual situação politica dos EUA.

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Trump : a vacina da Europa

Álvaro Vasconcelos
2017 é o ano das eleições de todos os riscos na Holanda, em França e na Alemanha e todos os olhares europeus se viram para a América. Trump é a face mais óbvia do perigo que nos ameaça a todos. A América é uma Europa fora dela, mais pujante, mas também mais injusta e guerreira, nem por isso menos próxima. Os europeus vêm-se no espelho da América e pressentem os seus pesadelos futuros.

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E se a democracia for a principal responsável pela criação das condições que estão a favorecer os populismos?

Por Maria Carlos Oliveira

No último encontro do Fórum Demos (3.03.2017), constatou-se haver uma enorme dificuldade em identificar as razões subjacentes ao fenómeno populis
ta. As diversas hipóteses iam esbarrando com a proliferação do fenómeno em sociedades com caraterísticas diferentes, nomeadamente ao nível do bem-estar dos cidadãos, do impacto das migrações ou da segurança. Por que razão estarão então sociedades diferentes a produzir respostas tão idênticas?

O fenómeno populista parece ter uma forte componente emocional, o que lhe confere um grau de imprevisibilidade acrescido num tempo em que as tecnologias permitem uma propagação viral da informação/desinformação. A esta acelemarine-le-pen-geert-wilders-frauke-petry-far-right-populist-europe-elections-cartoonração acresce a propagação, ao que parece mais eficaz, das más notícias que, frequentemente, contribuem para uma amplificação, injustificada, da perceção de risco.

O livro de Tzvetan Todorov, recentemente editado pelas edições 70, mas cuja edição original é de 2012, Os Inimigos Íntimos Da Democracia, lança algumas pistas interessantes e, para mim, novas. E se a democracia for a principal responsável pela criação das condições que estão a favorecer os populismos?

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Wishful thinking: o perigo que nos ameaça

Álvaro Vasconcelos

Quando perante um grande perigo, é normal que a maioria dos seres humanos, políticos ou não, anseie por que ele não se concretize. Na língua inglesa, essa atitude traduz-se na expressão wishful thinking, que significa, segundo o dicionário Merriam Webster, “crer que é real aquilo que se deseja que seja verdade”, aquilo em queDonald-Trump-signature se quer acreditar, ou, na expressão mais popular, tomar os nossos desejos por realidade. Os exemplos históricos são numerosos e talvez o mais famoso seja o do primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, que em 1938 assinou o Acordo de Munique com Hitler e afirmou que haveria “paz no nosso tempo”. Estávamos a dois anos da maior tragédia da história europeia.

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