A vitória esmagadora do nacionalismo identitário nas eleições britânicas é mais um sério aviso às democracias liberais e á União Europeia.
A campanha de Boris polarizou a Grã-Bretanha, rachando não apenas o eleitorado, mas o Reino Unido.
A vitória esmagadora do nacionalismo identitário nas eleições britânicas é mais um sério aviso às democracias liberais e á União Europeia.
A campanha de Boris polarizou a Grã-Bretanha, rachando não apenas o eleitorado, mas o Reino Unido.
A failure to come to terms with the changing structure of society under the impact of globalisation holds lessons for Social Democrats in other parts of Europe.
By Mary Kaldor
How did it happen that the United Kingdom has elected as Prime Minister a proven liar, someone who does not know how many children he has, and someone who uses facetiously racist and misogynist language? How did it happen that he achieved a Conservative majority for a monumental act of self-harm to the United Kingdom, namely Brexit?
The Conservative Party had hardly any activists; they have less than 70,000 members, mostly elderly (by contrast Labour has half a million members). Those of us out on the doorstep never saw a single Tory campaigner and very few posters. The Conservative manifesto was sketchy, prone to vagueness and double counting, as in the number of hospitals to be built or the nurses to be recruited. By contrast, Labour had an exciting and ambitious manifesto, representing the outcome of years of hard work, especially by the shadow Chancellor, John McDonnell. It included a green new deal, big commitments to public services and utilities, and innovative proposals like public service broadband.
Boris Johnson made gaffe after gaffe – stealing a reporter’s phone after he took a picture of a sick boy on the floor of a hospital, hiding in a fridge to escape the media, not turning up to hustings on climate change or in his own constituency, refusing to be grilled by Andrew Neil of the BBC even though the other party leaders had done so on the clear understanding that the Tory leader would also be interviewed, to name but a few of these incidents.
And yet the relentless message of ‘Get Brexit Done’ combined with the vilification of Jeremy Corbyn put out by a centralised well-funded Tory HQ through social media and the tabloid press seems to have hit home at least in England and Wales. As a whisky exporter from East Dumbartonshire, where the Lib Dem leader Jo Swinson lost her seat, put it: ‘I don’t think it would have mattered if Koko the silverback gorilla was the leader of the Tories; they had a message wrapped in the Union Jack and voters in England bought it.’
This was a Brexit election. Those in favour of Brexit united behind the Conservative Party and obtained 47% of the vote. Those who were against Brexit, the majority of the population, were divided among Labour, Liberal Democrats, Greens, and the Scottish, Welsh and Irish nationalist parties. In the British first past the post system, only the dominant parties matter. Labour had a Brexit policy that satisfied no one. Its commitment to a public vote was opposed by those who want to leave but its refusal to commit to a remain position lost it remain voters. The Conservatives only increased their vote by 1.5% compared with 2017, Labour’s share fell by 8%, mainly to other remain parties. This allowed a string of Conservative victories in what is known as the ‘red wall’ – the traditional English labour heartlands across the middle and North of England from the Irish Sea to the North Sea.
Por Ricardo Amorim Pereira
A COP25 foi o golpe final no otimismo justificado que surgiu após a COP21, com o histórico acordo aí alcançado – o pacto climático de Paris. Nesse outono de 2015, o mundo viveu dias bonitos. O multilateralismo triunfava e a Comunidade Internacional unia-se contras a grande ameaça que são as alterações climáticas. Entretanto, quatro anos passaram-se e o mundo está diferente: mais desunido, mais incapaz de fazer frente às grandes ameaças que ensombram a Humanidade mas, em oposição a isto, apresentando, de uma forma muito mais veemente, uma consciência cívica acutilante e esperançosa. Essa consciência cívica é simbolizada pela jovem Greta Thunberg. É por isso que vejo com muita estranheza e repulsa as críticas, injustas e injustificáveis, que lhe têm lançado, por cá e um pouco por todo o lado.
Greta Thunberg é, para mim, um raio de luz, uma aragem limpa e revigorante num mundo a partir do qual não esperava já ser possível que tal fenómeno despontasse. Obviamente que Thunberg não é um messias e as alterações climáticas não deixaram de ser um problema graças ao seu surgimento na cena mediática. Pensar isso seria o equivalente, neste século, a, no século passado, pensar-se que o surgimento de Martin Luther King de per si resolveria as discriminações raciais. Continuar a ler “A propósito de Greta Thunberg….”
Por Jorge Campos
Ponto de partida: Francis Fukuyama. O statement sobre o fim da História nunca foi levado muito a sério. Em rigor, serviu mais como fórmula proclamatória de uma crença conveniente do que como evidência fundamentada de um juízo analítico. A crença é sempre a uma simplificação legitimada pelo transcendente de aura premonitória. No caso de Fukuyama, uma relação mágica de causa e efeito entre a imposição da economia de mercado e o triunfo da democracia liberal. Valha a verdade, o próprio Fukuyama mudou de opinião. Há três ou quatro anos, surpreendeu tudo e todos ao dizer que andava a tentar compreender a História. E, numa entrevista à BBC World, em Maio de 2019, aquando do lançamento do seu último livro – Identidades: A Exigência de Dignidade e a Política do Ressentimento – foi mais longe no reconhecimento do engano ao admitir ter ficado abalado com a segunda invasão do Iraque e com a crise financeira de 2008, uma e outra por ele qualificadas como catástrofes cujos efeitos se fizeram sentir, designadamente, na sua quebra de confiança na irredutibilidade dos valores dados como adquiridos. Continuar a ler “A queda do Muro de Berlim 30 anos depois: que balanços? Em debate.”
Por Filipa M. Ribeiro*
Úrsula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (CE), que iniciou o seu mandato no dia 1 de dezembro, decretou como direção de trabalho, para si e demais 26 comissionários que a secundam nas funções, a de colocar a União Europeia (UE) na liderança mundial do combate às alterações climáticas, promovendo a transição geracional para a neutralização carbónica, dentro de uma sociedade obrigatoriamente justa e inclusiva, da qual a sociedade portuguesa é uma parcela inequivocamente próxima para todos e todas que se expressam e entendem em português, independentemente do grau açucarado de suas pronúncias. E isto não tem volta, embora haja quem insista (obtusamente) em contrariar a diretriz, reivindicando-se saudoso ou saudosa disto ou daquilo, enfim, de tudo quanto, já nos tempos do António Mourão, era mais velho que a Serra d’Ossa, intitulado Ó Tempo Volta Pra Trás, porquanto não voltou naquela altura e muito menos o fará agora. A brecha entre o passado e o futuro está cada vez mais larga, não só porque a duração da vida é maior, mas também porque a humanidade aumentou o seu grau de literacia e consciência cívica, bem como o presente se solidificou e a determinação racional é superiormente objetiva. Continuar a ler “Ano novo esperança nova no combate às alterações climáticas”
por Paulo Rangel
Pior ainda, o PS, a propósito dos 30 anos da queda do muro de Berlim, pouco diz sobre os crimes cometidos pelos regimes comunistas. E que, quer se goste, quer não, são inerentes e intrínsecos à ideologia marxista-leninista. Com efeito, eles não ocorreram apenas na União Soviética de Estaline ou nos países da cortina de ferro. Eles ocorreram onde quer que o comunismo se tenha instalado, da China a Cuba, do Camboja a Angola.
1. O PS, por acção e omissão, tem dado sinais altamente preocupantes de que, seja por comodismo táctico, seja por conveniência oportunista, está disposto a ceder. Nas últimas semanas, o PS assumiu posições que mostram que está em curso um relaxamento dos valores fundadores. O PS desfalece e empalidece; está cada vez mais baço, cada vez mais pálido. As causas da liberdade, da democracia e do Estado de direito são relativizadas e secundarizadas. Pode ser no silêncio perante a crise do Estado de direito em Malta (com um governo socialista “amigo”). Pode ser com a atitude envergonhada diante da evocação do 25 de Novembro. Pode ser com a subalternização do balanço dos regimes comunistas, a propósito da queda do Muro de Berlim. Não há indignação diante do assassinato de jornalistas e tentativas de controlo oficial da investigação. Não há vontade de valorizar o legado do 25 de Novembro. Não há coragem para condenar as atrocidades do totalitarismo comunista. O PS, por acção e omissão, tem dado sinais altamente preocupantes de que, seja por comodismo táctico, seja por conveniência oportunista, está disposto a ceder.
2. A defesa intransigente dos valores democráticos – direitos fundamentais, liberdade de imprensa e de expressão, pluralismo e primado do Direito – fazia parte do património genético do PS. Fazia parte, aliás, da sua tradição retórica e tribunícia. Sem pôr em causa a sua diferenciação ideológica e programática, o PS nunca hesitava na condenação de todos os autoritarismos e totalitarismos de esquerda ou de direita, nunca tergiversava no seu compromisso com a opção europeia ocidental e atlântica. O grande arauto desse posicionamento foi Mário Soares, mas não é difícil arrolar centenas de nomes de políticos socialistas que invariavelmente sedimentaram e consubstanciaram essa tradição. Continuar a ler “A queda do Muro 30 anos depois: que balanço? Em debate.”
Por Ilda Figueiredo
Fazer o balanço, 30 anos depois da queda do Muro de Berlim implica, antes de mais, olhar à volta e reparar nos muitos muros que se ergueram e os muros que continuam, e verificar quem são os seus responsáveis. O muro dos EUA contra o México já antigo, mas que Donald Trump quer prolongar; os muros de Israel contra a Palestina, na Cisjordânia e em Gaza, territórios que coloniza e onde viola permanentemente os direitos humanos com apoio dos EUA e seus aliados, mantendo nas prisões israelitas mais de cinco mil palestinos, entre os quais muitas centenas de crianças; o muro no Saara Ocidental colonizado por Marrocos, onde as perseguições prosseguem; o autêntico muro em que transformaram o Mediterrâneo, onde milhares de imigrantes e refugiados continuam a morrer ao fugir da guerra, da violência, da pobreza, da escravidão. Mas também não faltam muros na Europa, como em Chipre que, apesar de ser membro da União Europeia, continua com o norte da ilha ocupado pela Turquia; dos muros que a Hungria e a Bulgária também construíram para impedir a chegada de refugiados de guerras que a própria União Europeia tem apoiado, para além daqueles muros imaginários que as desigualdades sociais provocam.
Mesmo que alguns tentem reescrever a história, a realidade é mais cruel do que todos os revisionismos históricos, demonstrando que não se assistiu ao “fim da história” e que as tragédias a que assistimos e todas as que continuamos a viver são uma ameaça ao futuro da humanidade, sobretudo se não avançar o desarmamento nuclear como tantos têm alertado, incluindo, ainda recentemente, o Papa Francisco na sua viagem a Hiroshima e Nagasaqui, as cidades destruídas pelas bombas atómicas dos EUA há quase 75 anos. Continuar a ler “A queda do Muro 30 anos depois: que balanço? Em debate.”
Debate muito participado e interessante em Serralves, no 28 de Novembro, sobre a queda do Muro 30 anos depois: que balanço?
O painel do debate foi constituído por:
Francisco Mendes da Silva, dirigente do CDS-PP
Ilda Figueiredo, Vereadora Câmara Municipal do Porto pelo PCP
Jorge Campos, antigo deputado pelo Bloco de Esquerda
Paulo Rangel, Deputado ao Parlamento Europeu PSD
Tiago Barbosa Ribeiro, Deputado PS
Álvaro Vasconcelos, fundador do Forum Demos( moderador)
O debate centrou-se nos desafios que as democracias liberais enfrentam e na procura de compreender as suas causas. Paulo Rangel centrou as suas intervenções na análise do regime comunista e das razões do seu fracasso.
O debate de Serralves continua agora nas páginas do Forum Demos. Começamos com a publicação de textos dos membros do painel, mas esperamos também contributos dos participantes na sessão e de outros membros e seguidores do Forum Demos.