Debate Forum Demos: Política(s) em tempo de pandemia*

CARTAZ

O combate à pandemia global do novo coronavírus não faz desaparecer o debate político, nem as ameaças que pesam sobre o futuro da democracia. Na Europa líderes da extrema-direita, como Salvini, começaram por acusar os imigrantes africanos de serem portadores do vírus; nos Estados Unidos, Trump, ridicularizou os que alertavam para o perigo do, como lhe chamou, “vírus chinês”; no Brasil, Bolsonaro, relevando a sua incompetência e obscurantismo ao denegrir a ciência, de uma forma monstruosa, põe em risco sério a vida dos brasileiros, e na China combateu-se a pandemia usando instrumentos, incluindo reconhecimento facial, de um Estado autoritário.

Pelo mundo fora os governos democráticos tentam conter o vírus, tomando medidas no quadro constitucional e procurando minimizar o impacto social da crise económica. Do seu sucesso, depende o futuro da democracia.

Será o modelo chinês a melhor resposta para vencer a pandemia? Quais são os bons exemplos democráticos? Como lutar contra o vírus, garantir a defesa das liberdades e a justiça social?

É com o intuito de debater estas questões que o Forum Demos convida todos os seus membros para mais um debate, desta vez dedicado ao tema “Política(s) em tempo de pandemia”.

O debate será realizado via ZOOM, pelas 18:00 horas de Portugal Continental e pelas 15:00 horas de São Paulo (Brasil), e será realizado em português.

Esperando contar convosco, para efeitos de organização do debate, solicitamos a todos os que pretendam intervir a respectiva confirmação através do e-mail: forumdemos.geral@gmail.com

 *O ID da sessão será facultado, oportunamente, aos participantes.

Porto | Apresentação pública do livro, O 25 de Abril no futuro da democracia

A apresentação pública do livro “25 de Abril no futuro da democracia” de Álvaro Vasconcelos, seguida de debate, realiza-se no próximo dia 6 de setembro, pelas 21:00h, no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garret (localizada nos Jardins do Palácio de Cristal – Porto).

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Data

6 de setembro de 2019, às 21:00

Local

Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garret – Porto.

O livro “O 25 de Abril no Futuro da Democracia”, de Álvaro Vasconcelos, publicado pela Editora estratégias criativas, alerta para a necessidade de olhar a revolução portuguesa perante a emergência do Nacionalismo, do populismo e do racismo. O impulso democrático dos anos 70 parece ter-se esgotado, como atestam as vitórias de Trump e de Bolsonaro e os avanços da extrema-direita na Europa. Irá a crise das democracias aprofundar-se? Irá a União Europeia sobreviver à crise das suas democracias? Irá Portugal escapar à vaga populista? Que prioridades para reverter o refluxo democrático? São estas algumas das questões que estarão em discussão neste debate e para o qual a opinião de todos é essencial.

Painel

Álvaro Vasconcelos (Autor)

Irene Pimentel (Historiadora)

Albuquerque Mendes (Pintor)

Pedro Almendra (Ator)

Entrada livre.

Lagoa | Apresentação pública do livro, O 25 de Abril no futuro da democracia

A apresentação pública do livro “25 de Abril no futuro da democracia” de Álvaro Vasconcelos, com apresentação da escritora Lídia Jorge, seguida de debate, realiza-se no dia 2 de agosto, às 18h30, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Lagoa.

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Data

2 de agosto de 2019, às 18:30

Local

Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Lagoa

O livro “O 25 de Abril no Futuro da Democracia”, de Álvaro Vasconcelos, publicado pela Editora estratégias criativas, alerta para a necessidade de olhar a revolução portuguesa perante a emergência do Nacionalismo, do populismo e do racismo. O impulso democrático dos anos 70 parece ter-se esgotado, como atestam as vitórias de Trump e de Bolsonaro e os avanços da extrema-direita na Europa. Irá a crise das democracias aprofundar-se? Irá a União Europeia sobreviver à crise das suas democracias? Irá Portugal escapar à vaga populista? Que prioridades para reverter o refluxo democrático? São estas algumas das questões que estarão em discussão neste debate e para o qual a opinião de todos é essencial.

Painel

Álvaro Vasconcelos (Autor)

Lídia Jorge (Escritora)

Adriano Pimpão (Ex-Reitor da Universidade do Algarve)

Entrada livre.

Apresentação do livro “O 25 de Abril no Futuro da Democracia” e debate “O Futuro das Democracias”

A apresentação do novo livro de Álvaro Vasconcelos, seguida de debate “O Futuro das Democracias” realiza-se no próximo dia 4 de julho de 2019, pelas 17h00, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Sala U.0.8.

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Data
4 de julho de 2019, às 17h00

Local
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Sala U.0.8

O livro “O 25 de Abril no Futuro da Democracia”, de Álvaro Vasconcelos, publicado pela editora estratégias criativas, procura alertar para a necessidade de olhar a revolução portuguesa, perante a emergência do nacionalismo identitário e do populismo.
O impulso democrático dos anos 70 parece ter-se esgotado e entrámos numa fase de refluxo democrático, como atestam as vitórias de Trump e de Bolsonaro e os avanços da extrema-direita na Europa.

Irá a crise das democracias aprofundar-se? Irão os sistemas políticos reformar-se de modo a permitir alternativas reais, tirando, nomeadamente, partido do desejo de participação política dos cidadãos?

O desfecho destas interrogações é imprevisível, mas dois cenários, um “distópico” e outro “utópico”, construídos a partir da análise das tendência atuais, tipificam as alternativas apresentadas no livro.

São as opções políticas que podem moldar estes cenários que estarão em discussão no debate sobre “O Futuro das Democracias”, no dia 4 de julho, pelas 17h00, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Sala U.0.8).

Painel
Autor: Álvaro Vasconcelos
Ana Benavente – ULHT/CeiED
Monica Hirst – Brasil/Buenos Aires, Investigadora em Relações Internacionais
João de Almeida Santos – ULHT, Director FCSEA
Moderador: António Teodoro – ULHT, Director CeiED

Entrada livre.

Mais informação: Aqui.

 

Muito mundo nos olhos no 25 de Abril no Futuro da Democracia

Por Rui Pereira*

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Entre as razões para ler o mais recente texto de Álvaro Vasconcelos, 25 de Abril no futuro da Democracia (Porto, Estratégias Criativas, 2019), encontram-se a reconhecida dimensão intelectual do seu autor e, por consequência, o saber subjacente ao escrito. Mas, não apenas.

O primeiro dos três ensaios que constituem a obra, elaborado a partir de uma conferência na cidade de Havana, em 2016, sobre o 25 de Abril, constitui, pode dizer-se, um memorando sobre o PREC para espíritos ausentes. Nele pontifica, a par da grande sensibilidade do autor – temperada na oposição à ditadura e na vivência direta dos acontecimentos – uma dose inabitual de heterodoxia, relativamente às versões mais consensualistas sobre Abril e o seu tempo.

O segundo ensaio encerra o paradoxo de um escrito sobre real politik, território de especialidade do autor, precisamente pela pena de um intelectual que pauta a sua intervenção pelos referenciais da energização utópica, como é o caso de Álvaro Vasconcelos. E a promessa não é traída. A questão das transições pactadas ou roturistas entre regimes de oligarquia iliberal (vulgo, ditaduras) e regimes de oligarquia liberal (vulgo, democracias) surge no texto de Álvaro Vasconcelos com uma informada profundidade, em rotura manifesta com o paroquialismo seguidista e unanimista com que os media portugueses nos falam usualmente do mundo.

Já o ensaio/ficção final, um exercício hipotético sobre a democraticidade do regime em 2034, estimula a reflexão e abre o debate sem receio da controvérsia, que é, no fim de contas, a melhor razão para que um livro de ensaio seja escrito e lido, mormente um texto sobre a difícil construção da liberdade e da justiça social.

No caso concreto, insistiria, por fim, como traço fundamental desta curta e densa obra, com cujas ideias ora se concorda ora se discorda, o seu carácter de golpe contra o paroquialismo medíocre das abordagens comuns da nossa história, da política e das questões internacionais, um corte tão mais nítido quanto bem percetível é o muito mundo nos olhos de que se fazem as páginas deste 25 de Abril no Futuro da Democracia, de Álvaro Vasconcelos.

* Rui Pereira – Docente da Universidade Lusófona do Porto.

** Imagem: Cartaz do Seminário Egypt’s transition to democracy: constitutional challenges. Este seminário teve lugar no dia 25 de março de 2012 no Cairo e foi organizado conjuntamente pelo EUISS e pelo Fórum Árabe para Alternativas. O seminário teve como objetivo comparar os diferentes processos constitucionais de outras nações que passaram por uma transição democrática com o processo constitucional então em andamento no Egito.

 

Continuar a ler “Muito mundo nos olhos no 25 de Abril no Futuro da Democracia”

Apresentação do Livro e Debate – “O 25 DE ABRIL NO FUTURO DA DEMOCRACIA” (Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra)

A apresentação do novo livro de Álvaro Vasconcelos, seguida de debate, realiza-se no próximo dia 1 de julho, pelas 14:00, na Sala 9 da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

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O livro O 25 de Abril no Futuro da Democracia, de Álvaro Vasconcelos, publicado pela editora estratégias criativas, procura alertar para a necessidade de olhar a revolução portuguesa, perante a emergência do nacional-populismo.

Trata-se de revisitar o 25 de Abril de 1974, que marcou o início da transição democrática portuguesa e o fim do colonialismo, bem como o início de uma vaga democrática mundial, embora este impulso democrático pareça ter-se esgotado com o impacto político e social da crise financeira de 2008.

Segundo o autor “o objetivo da revolução democrática portuguesa, a procura da combinação entre democracia e justiça social, está no centro dos debates de hoje.”

Irá a crise das democracias aprofundar-se? Irá o sistema político reformar-se de modo a permitir alternativas reais, tirando, nomeadamente, partido do desejo de participação política dos cidadãos? Será a revolução feminista, na sua busca pela igualdade, capaz de revigorar o sistema democrático e dar um novo horizonte utópico à Humanidade Comum? Será a União Europeia capaz de se reformar e isolar o nacional-populismo na Europa?

O desfecho destas interrogações é imprevisível, mas dois cenários, um “distópico” e outro “utópico”, construídos à volta das comemorações do 25 de Abril de 2034, tipificam as alternativas apresentadas no livro.

São as opções políticas que podem moldar estes cenários que estarão em discussão na apresentação de O 25 de Abril no Futuro da Democracia, no dia 1 de julho, pelas 14:00h, na Sala 9 da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

:: PAINEL ::

Luís Faro Ramos, Presidente do Instituto Camões e antigo Embaixador em Cuba e na Tunísia

Marcela Uchôa, Instituto de Estudos Filosóficos, Universidade de Coimbra

Álvaro Vasconcelos, Autor

Isabel Maria Freitas Valente, Coordenadora Científica do Grupo de Investigação Europeísmo, Atlanticidade e Mundialização do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (moderadora).

 

Entrada livre.

 

Apresentação do Livro – “O 25 DE ABRIL NO FUTURO DA DEMOCRACIA” (Universidade Lusófona do Porto)

A apresentação do novo livro de Álvaro Vasconcelos realiza-se no próximo dia 6 de junho, pelas 16:00, na Universidade Lusófona do Porto.

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O livro O 25 de Abril no Futuro da Democracia, de Álvaro Vasconcelos, publicado pela editora estratégias criativas, procura alertar para a necessidade de olhar a revolução portuguesa, perante a emergência do nacional-populismo.

Trata-se de revisitar o 25 de Abril de 1974, que marcou o início da transição democrática portuguesa e o fim do colonialismo, bem como o início de uma vaga democrática mundial, embora este impulso democrático pareça ter-se esgotado com o impacto político e social da crise financeira de 2008.

Segundo o autor “o objetivo da revolução democrática portuguesa, a procura da combinação entre democracia e justiça social, está no centro dos debates de hoje.”

Irá a crise das democracias aprofundar-se? Irá o sistema político reformar-se de modo a permitir alternativas reais, tirando, nomeadamente, partido do desejo de participação política dos cidadãos? Será a revolução feminista, na sua busca pela igualdade, capaz de revigorar o sistema democrático e dar um novo horizonte utópico à Humanidade Comum? Será a União Europeia capaz de se reformar e isolar o nacional-populismo na Europa?

O desfecho destas interrogações é imprevisível, mas dois cenários, um “distópico” e outro “utópico”, construídos à volta das comemorações do 25 de Abril de 2034, tipificam as alternativas apresentadas no livro.

São as opções políticas que podem moldar estes cenários que estarão em discussão na apresentação de O 25 de Abril no Futuro da Democracia, no dia 6 de junho, pelas 16h00, na Universidade Lusófona do Porto.

:: PAINEL ::

Isabel Babo [Reitora da ULP]

Rui Pereira [Docente da ULP | Apresentação do livro]

Álvaro Vasconcelos [Autor]

Entrada livre.

 

Viana do Castelo International Forum

We need a Europe able to reverse democratic reflux

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We must combine policies capable of responding to the rising empowerment of individuals and, at the same time, of guaranteeing social justice.

The international seminar of Forum Demos took place in Viana do Castelo between May 10th to 12th. The topic addressed by the seminar was “Europe’s place in the future of democracy”. The meeting sought to identify the causes of ‘democratic reflux’ as a challenge to democracy, the forces that oppose it and the way in which the European Union could be a major actor in the defense of democracy and social justice.

Inequality, democratic deficit and identity policies in the democratic regression

The discussions that took place highlighted the fact that, since the beginning of the 1980s, with the increased focus on neoliberalism (policies encouraging the deregulation of markets and the growth of financial capital), income inequality in OECD countries has continued to grow.

In the United States, the wealthiest 10% of the population that had held less than 35% of national income at the end of the 1970s, had increased their share to almost 50% by 2010. The 2008 financial crisis only accentuated this growing income imbalance in OECD countries and, with the collapse of the global financial system, middle- and lower-income classes were the most affected by consequent indebtedness.  The percentage of the middle-class in the overall population has declined in OECD countries, in contradistinction to those countries that, by 2014, had become newly emerging countries, such as China, India and Brazil.

Obvious feelings of dissatisfaction and insecurity have been generated in response to negative changes in working conditions and social protection, including health and old age, with worsening income inequalities in and between countries – with the consequence of democratic degradation in Europe and the wider world.  Inequality in a society based on consumption – as are the vast majority of contemporary societies – is also reflected in a very particular way, in the access to education and culture.  This is happening at a time in human history when individuals have never been so free and have never demanded so openly their desire to embrace their freedom, empowered as they are by education and the information society.

On the other hand, however, political corruption caused by the roles of large financial groups and “market imperatives” has generated the widespread belief that there are no alternatives to neoliberal politics, which, in turn, has discredited social-democratic and right-of-centre political parties. In addition, the normalization of xenophobia and fear of the ‘other’, together with anti-immigrant and Islamophobic campaigns, in particular after the events of September 11, spread by both extreme-right and traditional democratic parties – amplified by both the formal media and social media – have placed issues of identity and migration at the centre of the political debate.

We are living through an extremely serious period of democratic reflux, with political regimes becoming ever more autocratic as the extreme right-wing emerges in positions of influence and power.  The fact that some member-states of the European Union today conduct policies that threaten the rule-of-law indicates that the European Union has been slow or even wanting in its defence of those values that constitute its ethical foundation and that distinguish it from merely being an economic project. The excessive tolerance towards member-states that have become progressively more illiberal has greatly and adversely affected the coherence and the internal and external reputation of the European project. Continuar a ler “Viana do Castelo International Forum”

Forum internacional de Viana do Castelo: conclusões

Uma Europa capaz de reverter o refluxo democrático

Forum

É preciso combinar políticas que sejam capazes de assumir o crescente empoderamento dos indivíduos e, ao mesmo tempo, garantir a justiça social.

Nos passados dias 10 a 12 de maio teve lugar, em Viana do Castelo, o seminário internacional do Forum Demos, “A Europa no Futuro da Democracia”, que procurou identificar as causas do ‘refluxo democrático’ e as forças que se lhe opõem, e que procurou ainda refletir de que forma a União Europeia poderia ser um ator importante na defesa da democracia e da justiça social.

Desigualdade, défice democrático e políticas de identidade na regressão democrática

O debate pôs em evidência que, desde o início dos anos 80, com a afirmação do neoliberalismo (com políticas a favor da desregulação dos mercados e a preponderância do capitalismo financeiro), a desigualdade de rendimentos nos países da OCDE não parou de crescer.

Nos Estados Unidos, os 10% mais ricos, que no final dos anos 70 detinham menos de 35% do rendimento nacional, em 2010 detinham já quase 50% do referido rendimento. A crise financeira de 2008 tornou esta polarização de rendimentos, nos países da OCDE, mais evidente. Com o colapso do sistema financeiro, as classes com médio e baixo rendimento, endividadas, foram as mais afetadas. A classe média, no total da população, tem vindo a diminuir nos países da OCDE, ao contrário do que se passa nos países que emergiram neste século, nomeadamente na China, na Índia e no Brasil até 2014.

Gerou-se um óbvio sentimento de insatisfação e insegurança em relação ao trabalho e à proteção social, incluindo na doença e na velhice, com um crescimento de desigualdades de rendimentos entre e dentro dos países, e que se traduz na degradação democrática a que todos temos assistido de na Europa e no Mundo. As desigualdades numa sociedade de consumo — como o são a generalidade das sociedades contemporâneas — refletem-se, também, e muito particularmente, no acesso à educação e à cultura.

Isto acontece num momento da história da humanidade em que os indivíduos nunca foram tão livres, nem nunca assumiram de forma tão clara o desejo de reivindicar a sua liberdade, empoderados que estão pela educação e pela sociedade de informação.

Por outro lado, a corrupção da política pelos grandes grupos financeiros e pelos chamados “imperativos do mercado”, criou a convicção de que não há alternativas à política neoliberal, o que retirou credibilidade não só aos partidos sociais-democratas, como também aos partidos do centro-direita.

A banalização da xenofobia, o medo do ‘outro’, as campanhas anti-imigrantes e islamofóbicas propagadas, em particular depois do 11 de setembro, pela extrema-direita e por partidos democráticos tradicionais — amplificados não só pelas redes sociais mas também pela comunicação social –, colocaram as questões de identidade e das migrações no centro do debate político.

Vivemos um período de refluxo democrático extremamente grave, um período de autocratização, com a emergência da extrema-direita em posições de poder e influência. O facto de alguns estados-membros da União Europeia estarem hoje a conduzir políticas que ameaçam o Estado de Direito, indica que a UE foi vagarosa, ou mesmo leniente, na defesa dos valores que constituem a fundação ética da União e que a distingue de um projeto meramente económico. A tolerância excessiva para com os estados-membros, que se têm vindo a tornar progressivamente iliberais, afeta gravemente a coerência e a reputação interna e externa do projeto europeu. Continuar a ler “Forum internacional de Viana do Castelo: conclusões”

Uma nova utopia europeia

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«Sem sonharmos com uma Europa melhor nunca construiremos uma Europa melhor». A frase é de Václav Havel, escritor, dramaturgo, último presidente da Checoslováquia e primeiro presidente da República Checa e serviu de mote ao Ciclo de Conferências ‘Utopias Europeias: o poder da imaginação e os imperativos do futuro’ que a fundação de Serralves promoveu no Porto, entre maio de 2018 e maio de 2019.

O Ciclo de Conferências teve como objetivo apresentar e discutir várias possibilidades utópicas para a Europa, no momento em que o debate sobre o futuro da União Europeia ganhou um sentido de urgência e mobiliza os mais diversos atores da sociedade europeia e tem uma repercussão mundial pois, como diz o ilustre intelectual brasileiro Celso Lafer, a União Europeia é um bem público internacional.

Num contexto de incerteza sobre o futuro da Europa, torna-se cada vez mais urgente discutir quais as “utopias realizáveis”, de que fala Paul Ricoeur, que nos coloquem num horizonte de progresso. Como se refere no programa destas conferências “falar de utopias significa perceber o poder da imaginação para moldar o futuro, orientar a ação humana e alargar as fronteiras do realizável”.

Durante um ano, em 8 conferências, especialistas portugueses e internacionais debateram as utopias que atravessam a cidadania europeia – como as da igualdade, ecologia, hospitalidade, democracia, rendimento básico incondicional, sociedade de informação, potencial transformador da tecnologia, paz e segurança humana.

A comemoração, em 2016, dos 500 anos da publicação da Utopia de Thomas More permitiu voltar a colocar estas questões na ordem do dia e constatar que as utopias não desapareceram, continuando a ser particularmente fortes na Europa.

Porque falar de utopias significa perceber o poder da imaginação para moldar o futuro, orientar a ação humana e alargar as fronteiras do realizável, ao promover estes debates, o ciclo levantou um conjunto de questões fundamentais para o nosso futuro comum, tais como: Qual o horizonte que cada uma dessas utopias propõe e que imperativos para o futuro impõem? Como compreender o próprio estatuto e função das utopias, entre o sonho e a proposta política? E como evitar que as utopias se transformem em distopias?

Tratou-se, no fundo, de debater os horizontes utópicos do futuro europeu, procurando simultaneamente entender o papel que a Europa poderá desempenhar no provir da nossa Humanidade Comum.

Comissariado por Álvaro Vasconcelos e estruturado por um grupo de especialistas, do qual fizeram parte Gonçalo Marcelo, Fátima Vieira, Isabel Valente, Ana Rodrigues, João Bettencourt Relvas, Carlos Jalali e Sara Moreira, este ciclo de conferências findou no passado dia 9 de maio de 2019 como o Seminário Internacional “Uma Nova Utopia Europeia”.

1111 Continuar a ler “Uma nova utopia europeia”