As eleições na Holanda e a unidade europeia

O populismo na Holanda é, de certa forma, percursor dos actuais populismos na Europa. Ele desafia-nos a repensar a velha dicotomia direita vs. esquerda e a reflectir sobre as insuficiências do multiculturalismo e do assimilacionismo na integração de imigrantes. As eleições holandesas de 15 de março são, por isso, cruciais para o futuro da democracia europeia.

As eleições na Holanda do próximo dia 15 de Março inauguram um ciclo eleitoral absolutamente decisivo para a democracia na Europa. Com a França, a Alemanha e, possivelmente, a Itália também a votos este ano (embora não seja ainda certo que as eleições italianas ocorram em 2017), este será um teste ao vigor das democracias europeias e à resiliência dos cidadãos face às ameaças que ensombram a unidade política da Europa, com o crescimento dos partidos nacional-populistas e do sentimento anti-europeu e anti-imigração.

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Trump: o novo rapto da Europa?

O primeiro debate do Fórum Demos, que aconteceu no Porto, a 3 de Fevereiro, procurou analisar as consequências da presidência de Donald Trump para o futuro da União Europeia. Com intervenções marcadas pela apreensão e incerteza sobre qual vai ser a actuação do presidente face às eleições que se aproximam na Europa, a discussão percorreu questões como as da ideologia de Trump, o crescimento dos populismos e o papel das sociedades civis na garantia do sistema democrático.

Uma das questões discutidas foi a do posicionamento ideológico do presidente americano à luz das suas promessas de campanha, das primeiras decisões na presidência e das escolhas que fez para a sua equipa. Qual é, afinal, a ideologia de Trump? collage_fotor2Se para alguns é muito claro que Trump perfilha uma ideologia de extrema-direita, racista e xenófoba, visivelmente assumida na escolha do supremacista Steve Bannon para a equipa presidencial ou no decreto executivo proibindo a entrada de cidadãos de países muçulmanos, outros preferiram afastar a dicotomia direita vs. esquerda e classificá-lo como um populista anti-democrático, com marcas comuns aos dois extremos ideológicos: o nacionalismo, o isolacionismo, o proteccionismo e o nepotismo.Um membro do Fórum Demos defendeu que a principal ideologia de Trump é o seu oligarquismo, que culminará, à semelhança de Putin na Rússia, no enriquecimento e poderio político de um grupo de próximos do presidente. Continuar a ler “Trump: o novo rapto da Europa?”

Soares Europeu

Mário Soares não foi apenas o “rosto” da adesão de Portugal à CEE, nem a sua luta por um Portugal europeu se limita aos tempos que rodearam aquele processo. A ideia de Europa começa a revelar-se muito cedo na acção de Soares por um país democrático, desde os anos da separação do PCP e do exílio, do PREC e da transição democrática, até ao final da sua vida, em que perante o risco da desagregação europeia, com a crise financeira e a troika em Portugal, manteve a defesa consistente de uma “Europa federal de Estados-nação”.

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Ano novo, velha Europa

Noémia Pizarro

O ataque terrorista de Breitscheidplatz marca o fim de um dos piores anos de sempre da história da construção europeia. O ano do Brexit, o ano dos 5 mil refugiados mortos no Mediterrâneo e de tantos outros que desesperam na Grécia por uma possibilidade incerta de asilo, o ano da crise política em Itália, o nacionalismo xenófobo a afirmar-se em tantos países europeus.

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