«Milan Kundera, un passeur entre deux Europes», por Jacques Rupnik e Iryna Dmytrychyn

No âmbito do Ciclo de Conferências Parcours d’intellectuels en exil. Un humanisme sans frontières, uma iniciativa de Álvaro Vasconcelos, com a organização da Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France e da Fondation Maison des sciences de l’homme teve lugar em Paris, no passado dia 28 de março, uma confência sobre Milan Kundera.

Partilhamos aqui a síntese deste primeiro momento do ciclo, realizada por Álvaro Vasconcelos e Alessandra Bourlé, e disponível no site da delegação francesa da Fundação Gulbenkian.

Jacques Rupnik, Álvaro Vasconcelos e Iryna Dmytrychyn na Fondation Maison des sciences de l’homme

O texto que se segue é uma tradução do texto publicado originalmente em francês aqui.

Teve início no dia 28 de Março, no novo espaço da Fondation Maison des Sciences de l’Homme, Le Comptoir, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian – Delegação em França, o ciclo de conferências “Intelectuais no Exílio: Humanismo sem Fronteiras”. Organizado por iniciativa de Álvaro Vasconcelos, este ciclo foi concebido como um fórum de debate dedicado às trajectórias intelectuais de exilados de diversas proveniências que foram acolhidos na FMSH ou na EHESS.

Jacques Rupnik, politólogo e professor emérito especialista em Europa Central e de Leste no CERI/Sciences Po, e Iryna Dmytrychyn, docente do INALCO responsável pelos estudos ucranianos, apresentaram a primeira conferência do ciclo intitulada “Milan Kundera, um transeunte entre duas Europas”. Foi uma imersão de duas horas na vida do escritor checo através do prisma do exílio.

Após a invasão da Checoslováquia pelo exército soviético, em 1968, Kundera fez de Paris o seu local de residência. Este exílio, que se mostrou de certa forma libertador, permitiu-lhe escolher outra língua de pensamento. O autor escreveu a maior parte dos seus romances na língua do país de acolhimento e optou por nunca regressar ao seu país natal. Apesar disso, permanecerá sempre ligado à sua língua materna, bem como às suas origens, guardiãs do seu património.

A solidariedade, o humanismo, a democracia e as possibilidades do exílio deixaram uma impressão duradoura no escritor que, tal como Nabokov, soube (re)criar a vida na língua do outro.

O debate centrou-se também na visão de Kundera sobre a identidade europeia, nomeadamente no seu famoso artigo: Un Occident kidnappé, ou la tragédie de l’Europe centrale. Uma definição cultural da Europa que exclui a Rússia porque, como recordou Jacques Rupnik, não tem tradição de sociedade civil nem de democracia, tem raízes ortodoxas russas e uma ideologia imperial. Ao contrário de uma Europa Central culturalmente europeia.

Iryna Dmytrychyn recordou a influência da ideologia imperial em vários escritores russos, mas questionou-se sobre uma definição religiosa da Europa, que poderia excluir a Ucrânia.

O moderador, Álvaro Vasconcelos, sublinhou os limites de uma definição cultural da Europa que não corresponde à multiplicidade das identidades europeias. O moderador sublinhou que a maioria dos exilados portugueses defendia uma Europa baseada na democracia e na justiça social.

Iryna Dmytrychyn afirmou que a aspiração à liberdade é o que une todos os exilados.

Durante o debate, a questão da contribuição cultural e política dos intelectuais exilados foi levantada como um tema a ser explorado em futuras sessões deste ciclo.

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Próximos momentos do Ciclo Parcours d’intellectuels en exil. Un humanisme sans frontières:

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