Por Amadeu Faria (Professor e coordenador do NE25A)

Tinha 9 anos no dia 25 de Abril de 1974. Recordo-me da felicidade da minha turma da 4ª classe, na escola do Grémio da Póvoa de Varzim por nessa quinta feira do “dia inicial e límpido”, nos terem mandado para casa; havia “problemas em Lisboa” disseram-nos. Cheguei a casa e a minha mãe (professora do 1º ciclo), já lá se encontrava, absorta a olhar para as imagens que chegavam da Revolução. Assisti a períodos conturbados a nível de luta política (Verão Quente em Braga de 75 e o assalto à sede do PC no Campo da Vinha), mas sem compreender, com alguma certeza do que ali se jogava.
Só bastante mais tarde, aquando da envolvência com alguns colegas/amigos em Associações de Estudantes do Secundário, em RGAs e, particularmente, em campanhas políticas, me apercebi daqueles que são para mim os valores fundamentais de Abril: Liberdade, Democracia, Cidadania, Solidariedade, Verdade, Conhecimento.
E é aqui que penso chegar o ponto fulcral para a ligação desta situação de exceção motivada pela pandemia do Covid 19 e a nossa democracia. Qualquer um dos valores que são para mim fundadores da ideia de abril são constantemente postos em causa, não só com a pandemia, mas também desde Abril de 74.
No entanto se as instituições democráticas, se nós cidadãos que pretendemos ser ativos e livres, olharmos com atenção para o que se passa à nossa volta, rapidamente verificamos que há aqui uma oportunidade de valorizar e de desenvolver os valores de abril.
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